O espelho que reflete quem sou e como quero ser vista
Há uma dança constante entre o que somos e o que projetamos, um movimento delicado e essencial para o fortalecimento da nossa autoimagem e a construção de uma marca pessoal que realmente nos representa. Neste cenário, o sentimento de pertencimento surge como um alicerce poderoso, como um solo fértil onde as raízes da nossa identidade se entrelaçam com a visão de quem desejamos ser. E essa visão não é só para nós; é também para o mundo que nos observa, nos interpreta e nos devolve impressões, reforçando – ou, em alguns casos, desconstruindo – o sentido de quem somos.
Mas como nasce esse pertencimento? Pertencer não é, de maneira simplista, apenas “ser aceito” em um grupo ou em uma sociedade. Ele é uma força interior, uma conexão com algo maior e, sobretudo, consigo mesmo. Em pesquisas recentes sobre identidade e autoimagem, o a pesquisadora Brené Brown aponta que o verdadeiro pertencimento exige que nos revelemos como realmente somos. Segundo ela, só é possível alcançar o pertencimento real quando somos autênticos, quando escolhemos mostrar nossas particularidades, aquelas que nem sempre se adequam às expectativas externas.
No desenvolvimento da nossa marca pessoal, o pertencimento age como um combustível potente, capaz de nos alinhar à nossa própria essência e, ao mesmo tempo, criar uma ponte genuína com aqueles que nos observam. Esse vínculo com quem nos vê não é feito de aparências, mas de um desejo sincero de deixar transparecer nossas intenções e nosso propósito. E é a partir desse propósito que se define a marca pessoal: quem sou eu, para que estou aqui, e como quero ser lembrada? São perguntas que não só direcionam nossas ações, mas também moldam a forma como o mundo nos percebe.
A jornada de reconhecimento de si
Autoimagem é a leitura que fazemos de nós mesmos e como essa leitura se transforma em nossa narrativa pessoal. Nesse sentido, o exercício de se enxergar verdadeiramente – além do que os olhos alcançam – é um ato revolucionário de pertencimento, porque envolve aceitar e integrar todos os aspectos que compõem nossa história. Esse movimento interno de aceitação e compreensão do "eu" cria, naturalmente, um desejo de expressão, e essa expressão é a base da nossa marca pessoal.
Ao entender quem somos e o que nos move, começamos a nos libertar das limitações impostas por expectativas externas. Segundo estudos na área de psicologia social, pessoas que têm uma percepção positiva de si e que se sentem pertencentes a um grupo ou a uma missão tendem a apresentar maior resiliência e bem-estar emocional. Isso porque o pertencimento ajuda a fortalecer a autoestima e a autoconfiança, o que impacta diretamente na construção de uma marca pessoal sólida e autêntica. Quando sabemos aonde queremos chegar, e nos sentimos parte de um propósito maior, nosso “eu” se torna um ponto de luz que atrai outras pessoas com valores e aspirações similares.
Pertencimento como base da Marca Pessoal: Um exercício de existência e expressão
Uma marca pessoal forte não nasce da necessidade de agradar, mas da coragem de se mostrar com clareza, de colocar em primeiro plano o próprio propósito e a própria verdade. Isso exige, em essência, um pertencimento que se inicia dentro de nós mesmos e depois se expande para o mundo ao redor. É preciso construir um senso de pertencimento que não dependa do reconhecimento alheio, mas que se baseie em nosso autoconhecimento, no entendimento da nossa trajetória e na vontade de impactar de maneira genuína.
Assim, a marca pessoal torna-se uma extensão desse pertencimento.
Cada escolha que fazemos em relação a ela – a linguagem que usamos, as imagens que projetamos, o tom com que falamos – comunica ao mundo uma versão de quem somos e do que queremos compartilhar. Esse processo de expressão é tão potente quanto transformador, pois envolve não apenas o que os outros veem, mas também o que desejamos que eles vejam. Em uma sociedade que valoriza tanto as aparências, o exercício de construir uma marca pessoal baseada em um senso de pertencimento genuíno é um ato de autocuidado e, mais ainda, de autotransformação.
Os benefícios de sentir-se pertencente: Autoestima, clareza e consistência
O pertencimento é, então, o que estrutura a nossa autoimagem e nos fortalece na criação de uma marca pessoal coerente. Quando sabemos que somos suficientes tal como somos – com todas as imperfeições e nuances – ganhamos uma confiança que, inevitavelmente, se reflete em nossas relações pessoais e profissionais. Esse pertencimento impacta, também, a maneira como o mundo nos vê, criando uma sensação de segurança e clareza na nossa comunicação e na forma como nos posicionamos. Dessa forma, nossa marca pessoal deixa de ser uma tentativa de agradar e se torna uma expressão autêntica, rica de propósito e alinhada com nossa essência.
Por fim, construir uma marca pessoal a partir do pertencimento é um caminho que não requer máscaras, apenas verdade e presença. É um caminho de se enxergar além das superfícies, de resgatar o que há de mais verdadeiro em nós para que possamos existir e resistir às pressões externas com propósito. Ao se sentir parte de si mesma e, ao mesmo tempo, do mundo, você se torna um espelho que não só reflete, mas ilumina – porque uma marca pessoal que nasce do pertencimento brilha com a força de quem sabe quem é, porque se vê e é vista em sua autenticidade.
Com carinho
Fernanda Preto
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